21 outubro 2010

COMEMORANDO 10 ANOS (2)

Continua a Reportagem do Cláudio sobre o fim de semana no Vale dos Vinhedos.


2. Prato Principal


Nossa entrada no Hotel Vila Europa, mais conhecido como Spa do Vinho, foi tranqüila, apesar do adiantado da hora. Enquanto o pessoal da recepção ordenava nossas chaves, nos esparramamos pelo espaçoso-confortável-elegante lobby, bebericando o espumante, que nos foi servido como cortesia. Subindo ao apartamento, fico muito bem impressionado com o conforto geral do mesmo e as amabilidades espalhadas pelo aposento, traduzidas em bom-bons, brioches e flores frescas.

Mas, depois de um dia cheio, o melhor é descansar.



Com dia claro, abro as cortinas do imenso janelão, desfrutando uma paisagem incrívelmente bonita. Aos nossos pés estendem-se vinhedos a perder de vista, caprichosamente alinhados e exuberantes na sua verde brotação primaveril. Logo em frente, do outro lado da Estrada, as soberbas instalações da Vinícola Miolo, cuja arquitetura e coloração nos remetem à Toscana. À direita no horizonte, se divisa o skyline da cidade de Bento Gonçalves no meio da bruma e, pouco abaixo, a imponente Casa Valduga. Contemplo longamente o cenário, transportando-me para outros tempos e lugares distantes.

Vamos ao café da manhã. A maioria dos confrades já está confortavelmente instalada no local, que também funciona como salão do Restaurante Leopoldina. Finamente decorado, com mesas de vários tamanhos e belas cadeiras de estilo, estofadas. Não existe buffet: tudo é servido na própria mesa, em sucessivos carrinhos manobrados pelos atendentes, proporcionando maior conforto ao vivente. E tudo é extremamente saboroso, desde os iogurtes especiais da Casa da Ovelha, até os Croissants e brioches. Sem pressa, acabamos ultrapassando o horário marcado (10h) para a caminhada, sendo admoestados por Mário e Vera...

Enfim, às 10h30min quase todos se encontram no saguão para o início da caminhada (menos Fernando/Anelise, que ficaram se repoltreando nas benesses do Spa e Mário/Vera, impacientes, que já haviam seguido o rumo do seu próprio coração). Mas, começa uma chuvinha mansa. Aguardamos a estiagem e nos largamos, descendo a alameda de acesso do Hotel. Com muitas paradas para fotos e admiração das rosas plantadas nas cabeceiras dos vinhedos, alcançamos a Vinícola Miolo. Logo na entrada, à esquerda do solene pórtico, existe uma pequena plantação de videiras, com amostras das dezenas de variedades cultivadas pela vinícola. Cada variedade devidamente identificada, dando a conhecer “marcas” populares como Merlot, e Cabernet e outras menos conhecidas, como Touriga e Petit Verdot. Ladeando a plantação, os indefectíveis pés de plátano, característicos de todos os vinhedos desta região, completam a amostra. Duas preclaras confreiras da nossa comitiva (não revelo os nomes, mas posso dizer que ostentam cabelo escuro) ficaram intrigadas por não haver identificação nestas “videiras” maiores e perguntaram ao Oscar – nosso enólogo de plantão – se seriam as “videiras-mãe” ... (Cai o pano, rápido!)


Circulamos pelas bem cuidadas ruelas internas, bosques e jardins da Miolo e seguimos até o final da propriedade, onde encontramos a antiga Osteria Mamma Miolo, único ponto ainda reconhecível nas minhas memórias de 10 anos atrás. Toda esta região sofreu uma transformação enorme – para melhor – neste tempo. Não canso de observar o capricho, a limpeza e a beleza de todos os recantos percorridos.
Como se aproxima o meio-dia, retornamos ao Hotel, onde reencontramos Mário/Vera – exaustos da extensa caminhada que empreenderam sozinhos pela região – e Fernando/Anelise, frescamente rejuvenescidos, graças aos tratamentos milagrosos do Spa. Nos aboletamos todos no ônibus. Desta vez, em dia claro e com a orientação segura do Oscar, chegamos sem maiores sobressaltos à Casa Valduga, lugar do nosso almoço.

A Valduga talvez seja a responsável maior pela projeção alcançada pelo Vale dos Vinhedos. Foi a primeira a produzir um vinho que hoje seria chamado de “butique”, numa época em que o conceito sequer existia. E, também parece ter sido a pioneira em proporcionar um programa eno-gastronômico regular para visitantes. Hoje possui uma infra-estrutura exemplar de recepção turística, contando com pousada, restaurantes de vários tamanhos e um belo varejo. Observa-se o mesmo capricho, limpeza e cuidado encontrados na Miolo.


Nossa mesa já está preparada no ambiente chamado de “Cantina”, que eu conhecia do tempo em que o piso era de chão batido e os assentos se resumiam a longos (e duros) bancos de madeira. Hoje conserva o encanto original, com as pipas ao longo das paredes, mas com muito mais conforto e charme. De pronto é servido um cálice do delicioso espumante rosé “Blush” para “abrir os trabalhos”. Em seguida começa o desfile de iguarias tradicionais da culinária colonial italiana. Destaque para a Sopa de Capeletti, salada de Radicci, massas e carnes assadas (inclusive Vitela). Tudo saboroso e farto, como convém. Acompanhado de um excelente, perfumado e fresco Gewurtzraminer e um inédito Marselan, escolhidos cuidadosamente pelos nossos consultores-enófilos Fernando/Oscar/Roberto, após exaustivas análises da extensa carta de vinhos e apaixonadas deliberações. Um banquete!

Restaurados e felizes, fazemos um recorrido pelas instalações da vinícola, com visita – é claro! – ao varejo. Retornando ao Hotel, o resto da tarde livre é aproveitado de acordo com a disposição individual. Alguns (a maioria) prosseguem no repouso iniciado a bordo, outras se refestelam nos serviços besuntados do Spa (incitadas pelos bons resultados exibidos pelos freqüentadores matinais). Roberto, Rosane e eu vamos à Miolo fazer a “degustação Vip” oferecida pelo Hotel. Nos agregamos a um grupo de turistas vindos predominantemente de Goiás e fazemos um recorrido interno pelas instalações, acompanhados de um lacônico guia. O tour encerra com uma degustação orientada, no Centro de Visitantes. São oferecidos 4 (no total!) comedidos goles de 2 vinhos tintos (regulares) e 2 espumantes, sendo o último, demi-sec, acompanhado de uma prosaica bolachinha... Tudo à venda no varejo, ao lado. Tudo bem turistiquinho... Do festejado Lote 43 e do premiado Sesmarias (vendido a R$ 270,00!!!), nem o cheiro. Melhor, nem o bouquet...
De banho tomado, o time masculino da Confraria se rejunta às 20h numa bem aparelhada sala, dentro da Adega do Hotel. Um jovem enólogo da Vinícola Pizzato apresenta os produtos desta pequena e recente empresa, localizada bem próximo. Já possui um vinho fartamente premiado, de nome DNA 99, da variedade Merlot, que é louvado pelo enólogo. Mas, provar que é bom... Serviu-nos o Chardonnay/2009, de rótulo bonito e sabor, nem tanto. Depois o Merlot/2006, um pouco agressivo e adstringente. E, por fim, o Espumante/Champegnoise. Excelente.

Com este belo prelúdio, estamos prontos para a programação noturna.

(Segue no próximo Post)
(Para ampliar as imagens, clique em cima da foto)
Fotos: Cláudio

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